Artigo publicado no Jornal do Centro (31 de agosto de 2018)
À escala global, cada vez mais se fala sobre metodologias de aprendizagem ativa (active learning). Aquilo a que se chama vulgarmente aprendizagem ativa é um grande chapéu onde cabem muitas formas de abordagem, muitas metodologias. Genericamente, o objetivo é envolver os alunos no processo, dar-lhes um papel mais ativo, em substituição do papel de quase mero ouvinte que em muitos casos continuam a ter. Uma dessas metodologias é a conhecida por Flipped Classroom ou Flipped Learning (que se pode traduzir por sala de aula invertida ou aprendizagem invertida). A sua adoção (em todos os níveis de ensino) tem vindo a crescer em todo o mundo, com resultados muito interessantes. Recentemente, uma universidade adotou-a a 100%: a MEF University, em Istambul. Um dos seus precursores e atualmente talvez o seu maior divulgador à escala planetária é Jonathan Bergmann (www.jonbergmann.com), que lidera um movimento global com vista à sua disseminação: a Flipped Learning Global Initiative (www.flglobal.org). Vem isto, sobretudo, a propósito de uma conferência internacional que vai ter lugar no Politécnico de Viseu nos próximos dias 26 e 27 de setembro: a ICALE 2018 – International Conference on Active Learning and Education. A palestra de abertura será proferida, a partir dos Estados Unidos, precisamente, por Jon Bergmann. Além de palestras plenárias, haverá workshops e comunicações, sempre com a “aprendizagem ativa” como fio condutor. Porque se pretende maximizar a divulgação e a reflexão sobre este tema, a inscrição em todas as atividades é gratuita, mas obrigatória (www.icale2018.eu/). Apesar de para muitos professores, estou certo, ser a validação de muitas práticas que já adotam, acredito que esta conferência seja uma boa ocasião para (sobretudo nós, professores) tomarmos contacto com outras perspetivas e refletirmos sobre elas. Só nos faz bem. Quase sempre, o maior obstáculo à mudança não são os alunos. São os professores.
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Artigo publicado no Jornal do Centro (6 de julho de 2018)
1. Através do “Jornal de Notícias” (01-07-2018) ficámos a saber que na chamada “bossa do camelo” (curva acentuada na A25, na zona do Caçador) foram multados cerca de 200 000 condutores nos últimos 10 anos, o que rendeu mais de 12 milhões de euros ao Estado. Feitas as contas, são cerca de 55 condutores multados por dia, o que significa mais de 3 300 euros por dia, em média. Todos os dias, nos últimos 10 anos. Apesar destes números – impressionantes, sem dúvida – nunca houve acidentes com vítimas mortais ou, sequer, ferimentos graves, o que dá que pensar. Para o Estado é uma bela curva. 2. A forma como uma pessoa conduz um automóvel diz muito sobre a sua personalidade. A instalação de mais semáforos com sensores de velocidade veio acentuar a existência de muitos condutores que, no mínimo, revelam pouca educação. São os que aceleram ao aproximar-se dos semáforos, passando com o sinal laranja ou mesmo vermelho e obrigando os cumpridores a parar. No caso concreto de Repeses, em frente à Churrasqueira, onde há um estreitamento da via, muitos condutores fazem “dois-em-um”: aceleram antes do semáforo e logo a seguir tentam ocupar (e ocupam mesmo) a faixa da direita, “à papo-seco”. Tristes (mas irritantes) chico-espertos. 3. E nas rotundas? Chego a pensar que há condutores que acham, convictamente, que ao entrar numa rotunda têm prioridade sobre aqueles que nela já circulam, pelo facto de se apresentarem pela direita. Chico-espertos? Ou apenas… tristes? 4. Não sei se é azar meu, mas a verdade é que me acontece frequentemente deparar-me com parcómetros (ou parquímetros, tanto faz) avariados, alguns há muito tempo, por vezes até os dois na mesma rua. É o caso da Rua Gaspar Barreiros. Tristes utilizadores cumpridores.
Artigo publicado no Jornal do Centro (8 de junho de 2018)
Tenho notado, nos últimos tempos, uns quantos movimentos na sociedade que me parecem excessivos, quase fundamentalistas. Um deles diz respeito à igualdade de género (há outros). Considero que as mulheres ainda são, em muitos casos, vítimas de injustiças e discriminações injustificáveis. Do exercício quotidiano da minha profissão não tenho dúvidas das suas qualidades, capacidades e competências pessoais e profissionais. Já o manifestei publicamente há dois anos e, à medida que o tempo passa, mais as respeito e admiro. Vem isto a propósito da recente polémica à volta da campanha de combate ao tabagismo promovida pela Direção Geral da Saúde (DGS). Trata-se de uma curta metragem que mostra uma jovem mãe com cancro do pulmão em fase terminal que sempre fumou e continua a fumar em frente à filha, ainda criança, culpabilizando-se por isso. Considero-o impactante, bem concebido e potencialmente eficaz, com vista a sensibilizar sobretudo um público-alvo específico bem definido pela DGS: as jovens mulheres, justamente por ser o grupo em que o consumo de tabaco mais tem aumentado. Porém, foi alvo de algumas reações negativas, entre as quais a da associação feminista Capazes, que apresentou uma queixa na Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, e a da deputada Isabel Moreira, que considera esta campanha “misógina e culpabilizante das mulheres”, logo "inadmissível, em termos de igualdade de género, e que por isso deve ser retirada”. Confesso que fiquei estupefacto com esta posição. “Misógino” significa “que revela aversão ou desprezo pelas mulheres”. Parece-me francamente exagerado classificar aquela campanha desta forma. O mais irónico no meio disto tudo é que o filme foi concebido por duas jovens mulheres de 18 anos.
Artigo publicado no Jornal do Centro (11 de maio de 2018)
1. Tenho escrito regularmente sobre a promoção da literacia financeira dos cidadãos. Não apenas da população académica, mas também dos cidadãos em geral. O desconhecimento e a falta de sensibilidade para um conjunto de aspetos, alguns deles muito simples e fáceis de entender, fazem com que muita gente tome decisões erradas e, não raras vezes, com custos elevados. Dois exemplos básicos relacionados com crédito habitação: a maior parte das pessoas não sabe o que significam “prazo de carência” e “diferimento de capital” e muito menos imaginam o impacto que podem ter, por exemplo, em termos de juros suportados. Nesta linha, gostaria de aproveitar este espaço para referir que na próxima quinta-feira, dia 17 de maio, pelas 17:00h, terá lugar no Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu uma ação de informação sobre “Crédito e Endividamento”. É uma sessão aberta a qualquer pessoa interessada neste assunto, na qual serão oradores o gerente da Agência de Viseu do Banco de Portugal, Gentil Amado, e Gonçalo Peixoto, técnico superior da mesma instituição. Trata-se de um tema importante em qualquer circunstância, mas sobretudo numa fase de juros muito baixos, que induzem muitas pessoas a contrair crédito, por vezes por períodos muito longos, sem ponderarem devidamente os efeitos nefastos de uma eventual (eu diria “garantida”) subida dos juros num futuro mais ou menos próximo. 2. Três boas tiradas da escrita inteligente dos telefones inteligentes (smartphones): trocar “vitela estufada” por “vitela estudada”, “computador topo de gama” por “computador tolo de gama” e “bifana” por “cigana”. Ainda bem que são telefones inteligentes. Nem quero imaginar como seria se fossem estúpidos.
Artigo publicado no Jornal do Centro (13 de abril de 2018)
1. Esta semana comecei por escrever sobre a crise no Sporting. Quando dei por mim, tinha ultrapassado largamente o limite de caracteres que me é imposto. E muito mais havia para dizer! Por isso, decidi mudar de tema e resumir tudo aquilo em duas palavras: uma tristeza!... 2. Lembrei-me, então, de recuperar e atualizar umas notas que tinha escrito há tempos sobre a desmesurada importância dada ao (pior lado do) futebol nos diversos canais de televisão cá do burgo e, em especial, à baixíssima qualidade da esmagadora maioria dos respetivos “comentadores”. Quando dei por mim, tinha acontecido a mesma coisa: caracteres a mais e ainda tinha dito apenas uma pequena parte do que gostaria. Mais uma vez, percebi que podia resumir tudo em duas palavras: uma tristeza!... 3. Depois de mais duas hipóteses que iam desembocar ao mesmo (“uma tristeza!...”), decidi: “Nããã… Vou mas é escrever sobre algo agradável. Ora… o que é que aconteceu de agradável recentemente?”. A resposta foi fácil e rápida: a “Celebração da Primavera 2018”, evento organizado pelo Jornal do Centro, que decorreu no passado dia 4 e no qual foram justamente galardoadas personalidades e instituições da região. Foi um espetáculo bem concebido e bem concretizado. Digno e dignificador. Porém, o que fica como mais relevante é a pujança do projeto “Jornal do Centro”, que inclui um jornal impresso, uma rádio, a vertente digital de ambos e, em breve, uma televisão, inicialmente em streaming e mais tarde por cabo. É bom para a região de Viseu ter informação plural. E julgo ser consensual que o Jornal do Centro é um exemplo de pluralidade, nomeadamente em termos de opinião. Só para encher o resto da coluna: a propósito do dia de hoje, espero que nenhum dos leitores sofra de frigatriscaidecafobia ou parascavedecatriafobia ;-) … |
Nota préviaIniciei este blogue em janeiro de 2016, na sequência da criação desta página pessoal. Categorias
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