Artigo publicado no Jornal do Centro (22 de novembro de 2019)
A obsessão pelo politicamente correto está a ultrapassar (se é que não ultrapassou já) os limites do razoável. Por exemplo, tudo o que envolva questões de género, raça ou etnia é altamente escrutinado e transmitido de uma ou outra forma, consoante o facto em si e o lado de que estão os protagonistas: por vezes, de forma ampliada e exacerbada, outras, de forma mais velada ou suavizada. Há, na minha opinião, um claro desequilíbrio na forma como estes assuntos tendem a ser tratados e divulgados nos meios de comunicação e até na forma como são abordados por individualidades que ocupam cargos de responsabilidade. Assistimos a exemplos de ambos nas últimas semanas. Estou a pensar, concretamente, nos casos do recém-nascido abandonado pela mãe num contentor de lixo e do ataque ao quartel de bombeiros de Borba. Outra área em que me parece estar-se a cair em exagero e falta de equilíbrio tem a ver com as questões ligadas a animais. Todos estaremos certamente de acordo que não apenas não se devem maltratar os animais como, pelo contrário, devem ser tratados com dignidade. Coisa completamente diferente é endeusá-los, que é para onde parece que caminhamos. Na mesma linha de falta de equilíbrio, custa-me ver a forma exacerbada e intolerante como muitos (auto-proclamados) democratas reagem a opiniões diferentes das suas. Mesmo quando é o povo (o seu amado “povo”), em eleições livres e anónimas, a eleger alguém que não partilha das suas ideias. Democracia é, também, tolerância, bom senso, equilíbrio. Certos comportamentos e comentários de muitos “democratas” são simplesmente incompatíveis com isso. Muitos parecem ser democratas apenas se todos alinharem pelas suas ideias. Se tal não acontecer, revelam-se os mais intolerantes e pouco democratas. Um pouco mais de equilíbrio e bom senso só faria bem. A todos.
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Nota préviaIniciei este blogue em janeiro de 2016, na sequência da criação desta página pessoal. Categorias
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