Artigo publicado no Jornal do Centro (15 de fevereiro de 2019)
“Cada vez há mais portugueses com crédito automóvel. Em 2018, registou-se um valor recorde de novos empréstimos para compra de carros, sobretudo usados. Até ao final de novembro, o montante de novo crédito automóvel contratado em Portugal somava 2,8 mil milhões de euros. Nunca os portugueses se endividaram tanto para este fim.” (in Jornal de Notícias, 9-fev-2019) Em 2018 foram efetuados mais de 200 mil novos contratos de crédito automóvel. Em média, foram cerca de oito milhões de euros por dia. É obra. Esta tendência estende-se a outros tipos de crédito, como o crédito para compra de casa. As baixas taxas de juro ajudam a explicá-la. Há cerca de cinco anos que as taxas Euribor são negativas, o que se reflete nas taxas de juro praticadas na maioria das operações. Porém, este cenário não se manterá durante muito tempo. Mais cedo ou mais tarde elas voltarão a subir. E quando isso acontecer, as prestações do crédito vão também subir. Provavelmente, nessa altura muitas famílias passarão por maus bocados. Há tempos, um antigo aluno que trabalhava na banca dizia-me: “Muitas pessoas, ao contratarem um crédito habitação, preocupam-se apenas com quanto ficam a pagar nesse momento. Não querem saber o que pode acontecer mais tarde.”. E a verdade é que, sobretudo em contratos de prazos longos, o valor das prestações irá aumentar, garantidamente, com o passar do tempo. Ainda não há meio século, a preocupação era poupar e deixar algum pé-de-meia aos herdeiros. O consumismo e a facilidade de acesso ao crédito fizeram com que se passasse dessa cultura de poupança para outra, de endividamento. Projetando esta tendência, associada a outra, que parece incontornável, que é a degradação do valor das reformas de muitas pessoas, obriga a pensar como será a sua velhice dentro de duas ou três décadas.
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