Artigo publicado no Jornal do Centro (5 de agosto de 2016)
O meu final de ano letivo ficou marcado pelo acompanhamento do estágio curricular de doze finalistas da licenciatura em Gestão de Empresas. Estagiaram em cinco empresas diferentes, em seis áreas diferentes, tendo tido oito orientadores de empresa diferentes. Enquanto coordenador dos estágios curriculares, senti um enorme prazer e um indisfarçável orgulho ao ouvir desses orientadores referências tão positivas relativamente àqueles jovens. Em três meses (duração do estágio curricular) deram provas não apenas dos seus conhecimentos, mas sobretudo das suas capacidades. Na sua maioria, foram convidados a ficar na empresa onde estagiaram. Dos restantes, apenas três não estão ainda a trabalhar, mas estou certo que será por pouco tempo. Uma única mágoa me ficou: de um modo geral, a qualidade dos relatórios produzidos não esteve ao nível da qualidade do trabalho desenvolvido durante o estágio. Na minha opinião, apenas uma parte da responsabilidade por isto pode ser atribuída a estes jovens. Mas isso é assunto para o meu próximo artigo. É verdade que alguns aplicaram no estágio poucos conhecimentos adquiridos ao longo da licenciatura. Isto irá certamente acontecer a muitos diplomados. Como sempre, aliás. Porém, o que realmente importa não é o que eles sabem quando terminam a licenciatura - que é, necessariamente, cada vez menos. É sobretudo a sua capacidade para aprender e para se adaptarem. Infelizmente, no sistema de ensino ainda se avalia e valoriza quase exclusivamente conhecimentos, quando se deveria avaliar e valorizar em grande medida capacidades e competências.
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Artigo publicado no Jornal do Centro (8 de julho de 2016)
Um artigo publicado no jornal espanhol “La Vanguardia” no passado dia 1 de julho sobre os resultados das provas de acesso à universidade na Catalunha chamou a minha atenção. O jornal entrevistou os cinco jovens alunos que obtiveram a mais alta classificação (9,70 numa escala de 10). Irão frequentar cursos tão diferentes como Matemáticas, Medicina, Gestão de Empresas, Direito e Jornalismo. O que despertou a minha atenção neste artigo? Quatro aspetos: 1. O seu dia a dia não é preenchido a estudar desalmadamente. Sim, têm gosto em estudar, em aprender, mas têm também outros interesses e atividades diárias: música (violino, piano, trompete), desporto (uma jovem pratica taekwon-do e outra é jogadora de hóquei na relva, integrando mesmo a seleção nacional) e… leitura. Leituras. Muito diversas. 2. Consideram que essas atividades os ajudam nos estudos, proporcionando-lhes hábitos de organização e disciplina e ajudando-os a libertar a tensão. 3. Referem ter havido uma ou duas pessoas que os influenciaram de forma decisiva no seu ainda curto percurso de vida (têm dezoito anos de idade): um professor (da escola secundária ou de música) ou um treinador. 4. Quando questionados sobre como explicam o facto de serem tão bons alunos, todos colocam a tónica num aspeto: a leitura. E importa pouco que tipo de leitura. Os seus gostos a este nível são muito díspares. O importante é “ler, ler, ler”, dizem. “Ler amplia o vocabulário, a compreensão, ajuda a expressão oral e escrita”. Ler, acrescento eu, ajuda também a escrever melhor, com menos erros. Ler livros, entenda-se. Infelizmente, para muitos jovens (e não só) a principal fonte de leitura parece ser uma verdadeira enciclopédia de erros ortográficos e sintáticos. Chama-se Facebook.
Artigo publicado no Jornal do Centro (9 de junho de 2016)
Está a terminar mais um ano letivo. No que me diz respeito, foi um ano em que, como habitualmente, conheci um conjunto de alunos interessantes e promissores. Alguns vão concluir as suas licenciaturas em breve. Desses, uma parte tem já o seu início de carreira definido e assegurado, mesmo antes da conclusão do curso. Não tenho dúvidas que muitos outros também iniciarão as suas carreiras num curto espaço de tempo. Porém, os empregadores não devem esperar que, no atual contexto, um recém diplomado comece a trabalhar e a ser imediatamente produtivo. Por muito que as instituições de ensino e os professores se esforcem, isso é praticamente impossível na esmagadora maioria dos cursos. Desde logo (mas não só) porque o número de horas de aula subjacente a uma licenciatura é muito reduzido: dois terços do que era o de um bacharelato há 15 ou 20 anos. Não há milagres. Ainda assim, uma tendência positiva que tenho vindo a registar em muitos alunos é a sua atitude perante o trabalho e a vida, em sentido amplo. Eu leciono em três licenciaturas: Gestão de Empresas, Contabilidade e Marketing. Posso testemunhar o empenho, a vontade de aprender (querer saber) e a capacidade de trabalho de muitos alunos. E alunas. Sobretudo, alunas. Na verdade, considero que elas são, em média, mais interessadas, mais empenhadas, mais organizadas e têm mais capacidade de trabalho do que eles. Auguro um futuro promissor a estes e estas jovens. Não tanto pelo que aprenderam nos seus cursos (que é cada vez menos e ensinado de forma cada vez mais intensiva), mas sobretudo graças a si mesmos, à sua forma de ser e estar na vida.
Artigo publicado no Jornal do Centro (19 de fevereiro de 2016)
Há dias a Professora Felisbela Lopes (Professora Associada com Agregação na Universidade do Minho) assinou um interessantíssimo e muito pertinente artigo de opinião onde referia alguns aspetos que mereceram a minha atenção e total concordância (“Os desafios do Ensino Superior”, Jornal de Notícias, 29-01-2016). Desde logo, o (preocupante e pernicioso, na minha opinião) desequilíbrio entre a componente ensino e a componente investigação para efeitos de avaliação dos docentes.
Artigo publicado no Jornal do Centro (29 de janeiro de 2016)
Na sequência de um convite que muito me honrou, inicio hoje uma colaboração com o Jornal do Centro. Como vou escrever cumprindo (ou tentando cumprir) o Novo Acordo Ortográfico, decidi partilhar duas ou três ideias sobre este tema no primeiro artigo. O Novo Acordo tem sido fonte de discórdia e… desacordo. Pessoas influentes têm-se manifestado contra e continuam a escrever publicamente segundo as regras anteriores. Pela parte que me toca, confesso que também não gosto de algumas alterações. Porém, como mero utilizador, acho que elas são globalmente aceitáveis. Entendo-as como uma evolução, no sentido de “nova fase”, da língua escrita. |
Nota préviaIniciei este blogue em janeiro de 2016, na sequência da criação desta página pessoal. Categorias
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