Artigo publicado no Jornal do Centro (2 de setembro de 2016)
No artigo que escrevi no mês passado referia as deficiências (graves) que cada vez mais jovens revelam ao concluir uma licenciatura, nomeadamente ao nível da Língua Portuguesa. O primeiro impulso é culpar estes jovens por essas (e outras) deficiências. Porém, não podemos esquecer que se chegaram assim a este ponto da sua vida académica, é porque em todo o seu percurso anterior elas foram sucessivamente toleradas, ou seja, aceites. É manifesto que os filtros ao longo de todo esse percurso são cada vez menos. Culpa dos professores, que ensinam mal ou são excessivamente benevolentes? Não creio. Dos alunos? Também não. Salvo algumas exceções, em ambos os casos. A culpa é do “sistema”. Reina uma visão romântica sobre o ensino que se manifesta de diversas formas, que impõe, não apenas uma grande permissividade ao nível do aproveitamento escolar (o que já não é pouco) mas também dos hábitos de trabalho, do rigor e da disciplina. O “sistema” vai transmitindo sucessivos sinais errados às crianças e jovens, em idades críticas na sua formação, cultivando, promovendo e até premiando a mediocridade. A grande maioria dos alunos atinge os seus objetivos académicos com uma carga de trabalho muito baixa. É minha convicção profunda que os professores, na sua esmagadora maioria, dominam e explicam bem o que ensinam e gostariam de poder ser mais exigentes, a todos os níveis. Mas o “sistema” não lhes permite. Quanto aos alunos, eles apenas interpretam os sinais que lhes vão sendo transmitidos e agem em conformidade. Alguns destes jovens acabarão por perceber (tarde) as exigências que a vida lhes impõe, a todos os níveis (trabalho, rigor, disciplina, etc.). É legítimo que nessa altura se sintam vítimas… do “sistema”. Da mesma forma que muitos professores já se sentem.
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Nota préviaIniciei este blogue em janeiro de 2016, na sequência da criação desta página pessoal. Categorias
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