Alterações legislativas recentes têm vindo a provocar alguma erosão nas reformas atribuídas pelo Estado. O panorama para os próximos anos não parece ser tranquilizador. É previsível, por um lado, o aumento da idade da reforma sem penalizações, por outro, o agravamento das penalizações no caso de reformas antecipadas e, por fim, a diminuição dos montantes a receber, por via da alteração da sua forma de cálculo. Esta parece ser uma tendência mais ou menos generalizada e não apenas em Portugal. Pessoalmente, estou convencido que ela se irá acentuar nos próximos anos, o que faz com que quem tem actualmente 45/50 anos deva pensar seriamente naquilo que pretende daqui a 20/25 anos, quando se reformar, e no que pode fazer, por sua conta, para minimizar esses aspectos negativos. Os mais jovens têm ainda mais razões para meditar sobre o assunto. Podem e devem precaver-se melhor.
Basicamente, há duas formas de precaver o futuro: poupando ou investindo. Entendamos “poupança” como aplicação de dinheiro sem risco (ou com risco baixo) de perda de capital e “investimento” como aplicação de dinheiro com risco de perda de capital. Assim, podemos “poupar” aplicando o nosso dinheiro em depósitos a prazo, certificados de aforro, obrigações do tesouro ou alguns produtos específicos dirigidos à poupança de longo prazo (PPR’s de baixo risco). Estes produtos têm em comum baixo risco e baixo retorno. Quanto ao “investimento”, pensando apenas em produtos financeiros, uma possibilidade é o investimento em acções, seja directamente, seja através de fundos de acções ou em PPR’s de maior exposição ao risco.
Historicamente, para prazos longos, o retorno anual médio de um investimento em acções tem superado claramente o investimento em produtos de baixo risco, superando mesmo a inflação, o que significa um ganho real em termos de poder de compra. Claro que se corre o risco de perder dinheiro, mas é pouco crível que isso aconteça para prazos longos. O momento actual, em particular, parece ser interessante para investir em acções, numa óptica de longo prazo. Os mercados accionistas desvalorizaram muito significativamente desde o início da crise. Recentemente têm vindo a recuperar, mas ainda estão longe dos máximos já registados. Quem puder fazê-lo, deve começar tão cedo quanto possível a preparar a sua própria reforma. A este nível, como a outros, o futuro é cada vez mais incerto. O mais sensato é não dar como garantido que daqui a 20/25 anos as coisas serão como actualmente. Mais ainda se pensarmos num horizonte temporal superior, ou seja, os mais jovens têm vantagens em se ir precavendo tão cedo quanto possível, ainda que aforrando ou investindo pouco. É verdade que quando se é jovem, normalmente não há grande capacidade de aforro ou investimento. Por outro lado, a reforma não é algo que preocupe os jovens. Ainda falta muito tempo até lá!... Pura ilusão...
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