Artigo publicado no Jornal do Centro (02 de novembro de 2020)
Há menos de ano e meio escrevia nas páginas (ainda de papel) do Jornal do Centro um artigo com o título “Esperança e confiança nos jovens”. Abordava aquilo que tinha sido o meu ano letivo, na altura a terminar, na dupla qualidade de docente e coordenador de estágios curriculares e elogiava publicamente os jovens com quem tinha tido o privilégio de me cruzar nesse ano. Estava longe de sonhar que meses depois seríamos abalroados por uma pandemia, cujos efeitos foram também muito significativos no ensino. Mais uma vez, quer nas aulas, quer nos estágios, os alunos, na sua maioria, deram mostras de grande maturidade e resiliência. É do grupo de estagiários da licenciatura em Gestão de Empresas do ano letivo 2019/2020 que quero, sobretudo, falar hoje. Nunca nenhum estagiário tinha passado por aquilo por que estes passaram. Alguns (poucos) entraram em teletrabalho dias depois de terem iniciado os seus estágios, com tudo o que isso significa para um jovem que está a ter o primeiro contacto com a realidade empresarial. Outros (ainda menos) tiveram de mudar de empresa porque aquela onde tinham iniciado não conseguiram retomar em tempo útil. Os restantes (a larga maioria) foram reiniciando ao longo de semanas, alguns quando, numa situação normal, já teriam terminado – e ainda tinham dez semanas pela frente, o que fez com que os últimos só tivessem concluído no final de agosto (normalmente terminam no final de maio ou início de junho). Coloquemo-nos na situação destes jovens: em cima de toda a pressão advinda da pandemia em si mesma, que todos sentimos, eles estavam no último semestre da sua licenciatura, a ter outras aulas e avaliações a distância, à noite, e sem saber, semana após semana, se e quando iriam retomar os seus estágios e concluir o curso. Vários sentiam ainda a pressão do tempo, nomeadamente para se poderem candidatar a mestrados. Ainda assim, a sua atitude foi sempre de enorme compreensão e espírito de colaboração. Revelaram maturidade e resiliência extraordinárias e uma postura quase sempre exemplar. Muitos já estão a trabalhar. Todos terão, seguramente, um futuro promissor. Revelaram características e qualidades que me fazem afirmá-lo convictamente. Também as empresas acolhedoras foram inexcedíveis nos esforços que fizeram para voltar a receber os estagiários e proporcionar-lhes uma experiência que lhes acrescentasse valor, apesar dos tempos conturbados por que passavam em que, compreensivelmente, os estagiários seriam a menor das suas preocupações. É nas adversidades que nos revelamos. Ter vivido tudo isto trouxe-me ainda mais sinais de esperança do que aqueles que apontava no artigo de há ano e meio.
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Nota préviaIniciei este blogue em janeiro de 2016, na sequência da criação desta página pessoal. Categorias
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