Artigo publicado no Jornal do Centro (20 de dezembro de 2019)
Passada a crise (?...) as pessoas estão a endividar-se mais e os bancos a conceder crédito com mais facilidade. Pelo menos, alguns tipos de crédito. Aparentemente, “na boa”, uns e outros. Na passada segunda-feira uma notícia do jornal digital “Eco” dava conta de um novo máximo histórico na concessão de crédito ao consumo. Até ao final de outubro deste ano tinham sido concedidos cerca de 6,3 mil milhões de euros de crédito ao consumo. No dia seguinte, um amigo mostrou-me uma mensagem de correio eletrónico que o seu banco lhe tinha enviado nesse dia, propondo-lhe um crédito, ou seja, no fundo, incentivando-o a endividar-se. Apesar de o texto da simulação enviada estar redigido como se tivesse sido o cliente a pedir a simulação, a verdade é que a iniciativa foi do banco. Ele não tinha pedido nada. Parece que alguns bancos estão de novo particularmente agressivos na concessão de crédito. Ou melhor: de alguns tipos de crédito. Seria bom que a banca, em geral, fosse igualmente tão “ligeira” a emprestar às empresas, ao investimento. Voltando ao caso do meu amigo, tratava-se de crédito pessoal, uma das categorias do crédito ao consumo. “Para concretizar os seus planos ou realizar os seus sonhos”, dizia a mensagem. Como, além dos juros (já por si, elevados), estes créditos acarretam ainda comissões e impostos, contas feitas, a taxa global a pagar pelo cliente seria de 9%. Isto, numa altura em que os bancos remuneram os depósitos a 0 (zero) por cento. Haverá seguramente quem diga que se trata apenas de uma ação comercial por parte do banco. Pessoalmente, vejo aqui sinais de irresponsabilidade, despudor, eventualmente (até) abuso. E muita memória curta. Esta, de ambos os lados: bancos e consumidores.
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