Artigo publicado no Jornal do Centro (15 de março de 2019)
Gosto de futebol desde que me lembro. Do jogo em si, entenda-se. No entanto, nos últimos anos tenho perdido muito do interesse que tinha neste desporto, particularmente no que diz respeito ao futebol português. O foco tem passado para aspetos e personagens que não só me interessam pouco como, pior ainda, me repugnam. É cada vez mais raro assistir a um bom jogo de futebol entre nós. Por “bom”, quero dizer não apenas espetacular e vibrante, mas sobretudo sério e leal. Apenas como exemplo: o tempo de jogo é muito reduzido devido às mais diversas artimanhas: falsas lesões, perdas de tempo, simulação de faltas e por aí adiante. Isto não apenas retira ritmo e entusiasmo ao jogo, como provoca uma sensação de mentira e aldrabice que nem todos estão dispostos a aceitar, embora muitos pareçam considerá-la normal. Neste contexto, um caso específico que me irrita profundamente prende-se com o facto de a maioria (se não todos) os jornalistas e comentadores dizerem, quando um jogador simula uma falta ou ludibria o árbitro de outra forma, que ele foi “inteligente”. Esta “valorização positiva” de uma vigarice parece-me francamente condenável. Depois, os árbitros portugueses, de um modo geral, apitam demais. Se apitassem menos, seguramente erravam menos. E havia mais tempo de jogo. Por fim, a quantidade de inenarráveis horas televisivas de conversas de chacha (e de chochos) e de diretos quase sempre disparatados e vazios de conteúdo também não ajudam nada. Antigamente falava-se muito dos 3 “F”: fado, futebol e Fátima. Os 3 “F” mantêm-se na atualidade. Apenas mudaram para futebol, futebol e futebol. A essência da droga e o seu resultado são os mesmos. Alienam-se os mais incautos. Os que se deixam ir em futebóis.
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Nota préviaIniciei este blogue em janeiro de 2016, na sequência da criação desta página pessoal. Categorias
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