Artigo publicado no Jornal do Centro (13 de março de 2020)
As notícias das últimas semanas têm sido dominadas pelo (novo) coronavírus. Felizmente, o vírus não se propaga através dos media. Se assim fosse já estaríamos todos infetados. Várias vezes... Evidentemente, a informação séria, rigorosa e credível é importante. Crucial, mesmo. Mas o sensacionalismo e, sobretudo, o excesso de tempo alocado ao tema são contraproducentes. O essencial, aquilo que deve ser conhecido pelo maior número de pessoas, nomeadamente sobre o que cada um de nós pode fazer para travar o contágio, pode ser dito em pouco tempo. E deveria ser essa a tónica. As horas e horas que diariamente são ocupadas em quase todas as estações de televisão são-no, em muitos casos, com abordagens que só contribuem para o alarmismo. Acrescem as redes sociais… As consequências desta virose (des)informativa podem ser mais nefastas do que as provocadas diretamente pelo vírus. Tendo em conta, por um lado, a informação veiculada por fontes que temos de considerar credíveis (por exemplo, a OMS (Organização Mundial de Saúde), os CDC (Centros para Controlo e Prevenção de Doenças, EUA) e, entre nós, a DGS (Direção Geral da Saúde) e o SNS24) e, por outro, as estatísticas associadas a esta doença, acredito que, em termos globais, o impacto será mais forte em termos sociais e económicos do que propriamente de saúde. É verdade que, neste momento, a taxa de mortalidade é superior à da gripe sazonal, mas mais cedo ou mais tarde será desenvolvida uma vacina e é previsível que essa taxa venha a diminuir significativamente. Confiemos na ciência. O melhor que cada um de nós deve fazer é informar-se, informar e prevenir. Não provocar ou entrar em histeria e pânico. A terminar: custa-me perceber por que razão tantos intervenientes, alguns com especial responsabilidade, como jornalistas e médicos, passam a tempo a falar “do” COVID-19. Não é “o” COVID-19 mas sim “a” COVID-19, acrónimo de “coronavirus disease”, ou seja, doença provocada pelo coronavírus. Feminino, portanto. Ao vírus propriamente dito foi atribuída a designação “SARS-CoV-2”. A própria página web da DGS incorre nesta imprecisão (ao contrário do que acontece com o referido microsite do SNS24).
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